Disparidades no tratamento elevam os impactos socioeconômicos do câncer de mama no Brasil

Disparidades no tratamento elevam os impactos socioeconômicos do câncer de mama no Brasil

Uma das doenças mais complexas para a saúde pública – o câncer, figura há anos entre as principais Doenças Crônicas Não Transmissíveis que atingem os brasileiros. No mundo, até a chegada da pandemia da covid-19, uma a cada seis mortes estavam relacionadas à doença¹.

Quando se fala em câncer de mama, a sobrevivência das pacientes cinco anos após a descoberta está na faixa de 90%, isto é, as pessoas portadoras de câncer de mama têm uma probabilidade de 90% de estarem vivas pelo menos cinco anos após o diagnóstico, em comparação com quem não tem a doença¹.

Para a Dra. Maira Caleffi, mastologista e presidente voluntária da FEMAMA (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama), o dado mostra que o impacto socioeconômico da doença é imensurável. “Em alguns casos, o diagnóstico da doença ocorre em mulheres jovens, com menos de 35 anos. Quando pensamos nessas pacientes, é importante lembrar que elas são economicamente ativas e a descoberta da doença significa uma mudança total na vida e rotina dessas mulheres, que seguem em tratamento ou monitoramento da doença por anos após o diagnóstico, demandando continuamente os sistemas de saúde”.

Segundo a especialista, o momento é desafiador e requer união de diversos setores da sociedade. “No Brasil, a disparidade entre sistemas público e privado se mostra como um grande entrave para o acesso a tratamentos inovadores e com potencial de modificar o curso da doença”, afirma Maira.

Quando se fala especificamente do câncer de mama, o cenário se mostra ainda mais urgente. “Apenas 25% dos brasileiros têm acesso a planos de saúde. Desse modo, muitos pacientes têm dificuldade em acessar tratamentos personalizados que oferecem maior tempo de vida e com mais qualidade. Há mais de 20 anos não há atualização de novas tecnologias para tratar a forma metastática da doença e seu tipo mais comum, o RH+ e HER2-, que corresponde a 70% dos casos. Enquanto isso, para 20% das pacientes que são acometidas com o tipo HER2+, as inovações já estão disponíveis no SUS”. 

A incidência e mortalidade do câncer vêm aumentando em países de baixa e média renda², o que mostra a urgência de políticas direcionadas para pacientes oncológicos. “Com a chegada da pandemia, houve uma queda de 45% na realização de mamografias, o que certamente deverá retardar ainda mais o diagnóstico, piorando o prognóstico dessas pacientes que poderiam ter acesso a soluções assertivas para seus casos” explica o Dr. André Abrahão, Diretor Médico da Novartis Oncologia Brasil.

Novas perspectivas demandam engajamento da sociedade

A Dra. Maira explica que uma das formas mais efetivas de contribuição na formulação de uma política pública é a participação dos cidadãos em Consultas Públicas. “As CPs consistem em uma forma do poder público coletar insumos de diversos setores da sociedade civil que vão embasar a tomada de decisão em políticas públicas em saúde” explica.

A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (CONITEC) é o órgão responsável por avaliar quais inovações serão incorporadas no SUS, e abre periodicamente Consultas Públicas sobre os mais diversos tipos de novas tecnologias em saúde. “Dessa forma, é essencial o engajamento da sociedade nesses processos. Na busca por soluções para um problema tão complexo, todos os esforços devem ser somados”.

O câncer de mama em alguns números

  • 66 mil novos casos estimados no Brasil em 2020³
  • Foram mais de 18 mil óbitos no Brasil por câncer de mama em 2019³
  • 2,1 milhões de casos no mundo em 2018, o que corresponde a 11,6% do total de casos de câncer no mundo4
  • Primeira causa de morte por câncer nas mulheres brasileiras4
  • O diagnóstico precoce aumenta em 95% as chances de cura4
  • No Brasil, 70% dos casos de câncer de mama são diagnosticados em estágio avançado5

Referências

  1. Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Disponível em: paho. Acesso em 14/07/2021
  2. Instituto Oncoguia. Disponível em: oncoguia. Acesso em 14/07/2021
  3. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Disponível em: inca . Acesso em 14/07/2021.
  4. FEMAMA. Disponível em: femama . Acesso em 14/07/2021.
  5. FEMAMA. Disponível em: femam . Acesso em 14/07/2021.
  6. Sociedade Brasileira de Mastologia. Disponível em: sbmastologia . Acesso em 14/07/2021.

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Fonte: divulgação | Portal da Enfermagem